Entrevista com Celso Gutfreind
Adolescência
1)Você foi um adolescente chato,rebelde ou comportado?
Fui mais rebelde e chato (ambos no bom sentido) antes, na pré-adolescência. Quando cheguei nela, já estava meio domado (no mau sentido). Então era mais chato comigo mesmo, preocupado, neurótico. Depois, a literatura e a psiquiatria me ajudaram a voltar a ficar chato, rebelde (no bom sentido).
2)Você acha que os adolescentes de agora estão muito adiantados para ficar e coisa tal?
Não penso que é adiantado ou atrasado. É o que é, cada época tem seu jeito. O que é legal nessa é haver mais liberdade. O que não é legal é ser mais superficial.
3)Como você se relacionava com as garotas?
Era um relacionamento legal. Mais contido do que hoje, talvez. Mais profundo, por outro lado.
4)Em que escola você fez o segundo grau?
No Colégio Israelita Brasileiro.
5)Você era mais caseiro ou mais da rua?
Acho que os dois. O tempo era mais largo. Ficava horas em casa lendo e brincando. Mas também saía muito. Cruzávamos a pé a cidade, não era perigoso.
6)O que você acha dos adolescentes de agora?
Gosto muito dos adolescentes, da rebeldia, da chatice, do questionamento que fazem de si, da família, do mundo. Temos muito a aprender com eles, especialmente nossa parte mais quieta, mais acomodada, mais conformada. Os adolescentes continuam nos ensinando a dizer o que pensamos.
7)O que você curtia fazer?
Gostava de estar com os amigos, jogando futebol ou tênis ou, simplesmente, sem fazer nada, só falando da vida e das gurias. Gostava muito de ir ao cinema e já gostava de ler. Gostava da praia, do mar, de pegar onda (não surf, mas jacaré, com uma prancha de isopor).
Adorava Beatles, Carpenters, Chico, Caetano, Gil, o que caísse em meus ouvidos.
9)O que você lia na adolescência?
Já era apaixonado por dois poetas, Quintana e Bandeira, que conheci na escola. Também adorava cronistas como Fernando Sabino. Descobri o contista Rubem Fonseca e Machado de Assis. Ainda lia Monteiro Lobato.
10)Quando você percebeu que era um escritor?
Ainda pré-adolescente, quando tomei um pé na b... de uma guria. Cheguei em casa e escrevi uma história diferente, pelo menos com outro final
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